- Matheus P. Oliveira
40 Anos de "Star Wars - Uma Nova Esperança"

Direção & Roteiro: George Lucas
Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Alec Guinness, David Prowse e Anthony Daniels
Data de Lançamento:
18 de Novembro de 1977 (Brasil)
25 de Maio de 1977 (EUA)
Nome Original: Star Wars
"Bonnie & Clyde" e "Easy Rider" foram importantes para um movimento, assim como "Star Wars" e "Tubarão" um dia foram para outro. Os dois últimos foram responsáveis pelo fim de uma era (Nova Hollywood) e responsáveis pelo início de outra (Era dos Blockbusters) - isso causou um abalo no panorama cinematográfico. Se com "Tubarão", Spielberg praticamente 'devastou' a anterior convenção hollywoodiana, "Star Wars" foi uma bomba que pulverizou tudo aquilo que ainda restava, e o responsável por esse 'acidente' foi ninguém menos que George Lucas. E assim, em 1977, há exatos 40 anos, surgia o primeiro capítulo (ou leia 4º) de uma das melhores e mais importantes sagas do cinema.
É um pouco complexo descrever o que encanta em "Star Wars" (pois parece que chamando-o de 'fabuloso', já seria um imenso elogio), e, por isso, apelar para uma descrição geral da saga seria 'mais fácil'. Porém, se eu o tentasse, palavras como 'fantástico', 'belo' ou 'onírico', poderiam soar superficiais - adjetivo que não pertence à saga.
Quando "O Despertar da Força" chegou nos cinemas (e isso foi em 2015), fui vê-lo imediatamente, torcendo para que minhas expectativas se cumprissem. E de fato elas se cumpriram, eu havia gostado do filme e acabei tendo uma opinião sobre ele (opinião bastante superficial que não duraria muito). Pensei bastante, ouvi opiniões distintas sobre o longa e depois de algumas conclusões, notei que o filme reunia uma série de cópias quase que 'megalomaníacas' do Episódio IV (como a Estrela da Morte quase duas vezes maior que a anterior). Em todo caso, mesmo se tratando de uma cópia e sendo um filme 'errôneo', pouco importava, pois tinha sido a minha primeira experiência ao assistir um filme da Saga no cinema, e ao meu ver, testemunhar aquela abertura com as letrinhas amarelas pairando sobre o Universo e ouvir a clássica trilha de John Williams, foi sentir - talvez -, a mesma emoção que as pessoas em 1977 sentiram.
Desde o dia em que eu assisti "Uma Nova Esperança", notei sua originalidade e entendi o porquê de ter feito tanto sucesso (até hoje sentimos o impacto que "Star Wars" causou). Pensei, inclusive, em como deveria ser assisti-lo no Cinema. Infelizmente, quando eu nasci, as pessoas 'quarentonas' já haviam assistido ao filme - ou seja, eu estava atrasado há mais de 20 anos para a sessão de estreia. No entanto, eu pude tirar uma casquinha dessa experiência graças a um homem à espera de "O Despertar da Força", que relatou ter assistido a um dos clássicos no cinema (não lembro qual era). No mesmo momento, eu refleti: "Onde tudo era mágico e novo, como deve ter sido ver criaturas como Chewbacca e Darth Vader pela primeira vez?".
Antes das minhas tentativas de imaginar "Uma Nova Esperança" em um telão de cinema, eu me encantava com suas características peculiares que o diferiram de muitas franquias. Já de início, as criaturas, os personagens, o humor e a atmosfera do filme nos encantam de um jeito quase inexplicável - talvez por suas influências ou por seu estilo (detalhes para os próximos três parágrafos). O Episódio IV, logo em sua introdução, balanceia humor e ação - já revelando o tom que a trilogia empregará -, enquanto ocorre uma invasão a uma nave. Ao passo em que é revelado o vilão da saga - o Darth Vader -, são apresentados C3PO e R2D2, dois robôs puramente carismáticos e responsáveis pelos principais momentos de humor - afinal, eles são o alívio cômico da franquia, e isso ocorre por toda a saga (não esquecendo dos hilários sons que Chewbacca faz).
Na questão de influência, pode-se dizer que por causa da criação de "Star Wars", George Lucas deve muito ao cineasta Akira Kurosawa, seja pelo seu estilo de fazer filmes, que influenciou centenas de cineastas pelo mundo. A trilha de ópera-espacial com fortes semelhanças às trilhas de "Os Sete Samurais", "Yojimbo" etc; as lutas travadas com os sabres lembrando as catanas dos samurais, que travavam suas épicas batalhas em vilas desoladas; ou a própria semelhança dos Jedis e Siths com samurais. A filosofia, inclusive, de ambos são bem parecidas.
[Aliás, já notaram as semelhanças entre Darth Vader e um Samurai Shogun?]
Em todo caso, as idas de Lucas à fonte de Kurosawa e às vezes em que bebeu de sua água foram o suficiente para que "Star Wars" fosse forjado, e, consequentemente, se tornado não só uma das obras-primas da ficção científica, mas do Cinema. E assim como "O Poderoso Chefão", é aceitável considerar a trilogia "Star Wars" como sendo um só filme - um épico espacial.
E é claro que não só de grandes batalhas e fotografias deslumbrantes vive "Star Wars", pois sua filosofia oriental o leva muito além disso. Nele temos o Bem e o Mal se confrontando, enquanto procura um coração vulnerável que sirva como um campo de batalha, até que seja anunciado o vencedor dessa 'luta entre forças antagônicas'. Eis que temos um pai (Darth Vader) seduzido pelo Lado Sombrio (ou o Mal) da Força e o seu filho com o forte dom de controlar ambos os lados (o Bem e o Mal), como um verdadeiro Jedi.
Assistindo pela primeira vez ao Episódio IV, evidentemente não são percebidas as semelhanças entre Luke e Anakin (ou Darth Vader), mas ao vê-lo pela segunda ou terceira vez, e notando meticulosamente os detalhes, já é possível notar o que há em comum nos Skywalker. Luke, desde o início, não parecia pertencer ao modesto planeta Tatooine. Ele, como um guerreiro - e como o pai -, almejava algo maior, e seu anseio para ser um mestre Jedi, a cada momento aumentava. "A Força nesta nave é forte!". Pai e filho, que por distintas ações e situações, acabam por se encontrar, revelam suas semelhanças, apesar de estas, no início, se repelirem. "Star Wars" fala basicamente do Bem e do Mal, discute o controle entre desse 'embate antagônico' (lembrando inclusive o próprio "O Médico e o Monstro"), mas explora a fundo, por três filmes, algo muito mais forte: o elo crescente entre pai e filho.
No início tivemos George Méliès com o seu revolucionário "Viagem à Lua", nos dando um panorama do futuro, parecendo já saber o que viria. Anos mais tarde, com "2001: Uma Odisseia no Espaço", Stanley Kubrick apareceria com o que podemos considerar a revolução da ficção científica, que inclusive inspiraria outra grande obra que anos mais tarde tomaria este lugar, mudando para sempre a história do Cinema e nos levando para uma 'Guerra nas Estrelas', há 40 anos atrás.
Que a Força esteja com vocês!