- Matheus P. Oliveira
Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi (2017)

Direção & Roteiro
Rian Johnson
Elenco
Mark Hamill, Daisy Ridley, Adam Driver, Carrie Fisher, John Boyega, Oscar Isaac, Andy Serkis, Domhnall Gleeson, Benicio Del Toro, Kelly Marie Tran, Lupita Nyong'o, Gwendoline Christie, Peter Mayhew, Joonas Suotamo e Jimmy Vee
Data de Lançamento
14 de Dezembro de 2017 (Brasil)
15 de Dezembro de 2017 (Exterior)
Nome Original
Star Wars: The Last Jedi
Nota
⭐⭐⭐⭐

Star Wars: Os Últimos Jedi, o oitavo episódio da saga, representa um novo fôlego para uma trilogia que beirava à saturação antes mesmo de ser criada. Iniciada em 2015 com O Despertar da Força, ela foi bem recebida, mas planejada, aparentemente, nos moldes de Uma Nova Esperança. Assim, os boatos para o Episódio VIII eram que ele seria a reformulação de O Império Contra-Ataca; algo que inclusive faz sentido. Ao assisti-lo, eu tive que concordar - mas em partes. Embora possua elementos do clássico O Império Contra-Ataca, Os Últimos Jedi é o filme que mais se diferencia dos episódios anteriores (e isso é um elogio).
É interessante observar que o diretor e roteirista de Os Últimos Jedi, Rian Johnson, parece andar com as próprias pernas em seu filme. Aos poucos, e de forma cautelosa, ele procura se emancipar daquela aura sagrada da saga, esta que os diretores parecem carregar como um fardo. Johnson, através dos mínimos detalhes, emprega certa autoria numa saga que é uma unanimidade em estilo e essência. A música-tema, as letras amarelas e a escuridão do espaço como primeiro plano do filme, por sua vez, continuam como forma de tradição; e querendo ou não, as pessoas sempre serão saudosistas com Star Wars.
Aliás, muito comum na saga, é que o conflito é percebido e estabelecido em poucos minutos; não é diferente com este. Como de costume, temos a Aliança Rebelde de um lado (com Princesa Leia, Pou, Finn, etc.), e o Império do outro (General Hux, Kylo Ren, Snoke, etc.), confrontando-se. Notamos então que os rebeldes estão em apuros, e tememos o fracasso (por tamanha simpatia que temos por eles). E numa trama separada e quase alheia, temos dois personagens que depositamos total esperança: Rey e Luke Skywalker, ambos inseridos no fim de O Despertar da Força. Rey tenta convencer Luke de que a galáxia precisa do lendário Jedi (e assim é a premissa deste oitavo episódio).
A força motriz deste filme é Luke; e sua decisão quanto a sair do exílio ou não é o que nos motiva a assistir. Esperamos ver uma demonstração de seu poder todo o tempo, e suas poucas aparições tornam sua imagem cada vez mais opulenta (proporcional à aparição de Darth Vader em Rogue One).
Nós acompanhamos os personagens da resistência (Princesa Leia, Pou e Finn) porque ganhamos simpatia por eles, mas quem realmente esperamos ver é a volta de Luke e o treinamento de Rey. O diretor constrói bem esta expectativa, e o final é o veredito. Eis que temos a clássica trama da saga: acontecimentos paralelos em locais diametralmente distantes. Enquanto vemos o Império crescer, um personagem exilado (Luke) está prestes a ressurgir.
Mas o que realmente há de novo nesse filme? Será a trama ou os personagens? O diretor ou o roteirista? O que exatamente é novidade?
O que Rian Johnson faz em seu filme que o torna diferente é o modo como filma, compõe e monta suas cenas. Isto faz toda a diferença. Não é a trama que ele modifica, mas a parte técnica.
Há muitos momentos em que podemos notar as pegadas autorais de Johnson. Um dos exemplos é a cena em que Rey vê seus múltiplos reflexos em frente a uma parede espelhada; e isso não parece Star Wars. Nesse momento, uma narração com a voz de Rey funde-se com uma outra cena, que se transforma num diálogo. A empreitada é nova, e torna aquela transição de cena em cortinas um recurso defasado. Outro exemplo é quando Johnson filma uma xícara em close-up e, aos poucos, distancia a câmera com agilidade, mostrando todo o ambiente; isto é filmado à maneira de Martin Scorsese e Paul Thomas Anderson (aos chegados, o estilo será familiar).
Talvez o único problema de Os Últimos Jedi seja sua primeira metade. O vaivém das cenas que envolvem a batalha do Império contra a Resistência e a relação entre Rey e Luke tornam-se repetitivas ao passar do tempo; e a causa disso é a montagem. Ela, se por um lado lhe beneficia (e o motivo é descrito no parágrafo acima), por outro lhe prejudica. Há pouca continuidade entre as cenas, e é possível sentir o corte abrupto de cada uma.
Mas os defeitos, se comparados ao monumento que este filme representa, tornam-se formigas. Cada aparição dos personagens em Os Últimos Jedi é sentida com certo peso, mas sem o valor nostálgico evidenciado; tudo aqui é "pé no chão". A aparição do Mestre Yoda é, talvez, a aparição mais significativa, e sua fala define o que é ser um mestre: "Nós somos o que eles superam. Este é o verdadeiro fardo de todos os mestres." As músicas clássicas da saga, aqui, são pouco ouvidas, e quando são, permanecem à espreita, com extrema descrição. Ha, neste filme, mais uma comprovação de que o segundo capítulo de uma trilogia é sempre o melhor e mais forte; e o modo como Os Últimos Jedi termina confirma esta máxima. O lendário Jedi, Luke Skywalker, transcende, e entrega à galáxia o que ela, há muito, aguardava: uma nova esperança.
Sobre o Autor:
Matheus P. Oliveira, 6 de Agosto de 1998, co-fundador e editor do Fala Objetiva. Estuda Jornalismo e Cinema - este último de forma autodidata. Ainda sonha em conhecer por completo o rico universo que o Cinema possui. Atualmente tem como inspirações os críticos Roger Ebert e Pablo Villaça e, de forma árdua, tenta unificar ao máximo todas as outras artes em sua mais que amada arte: o Cinema. Quanto ao futuro - não muito distante -, ele pretende dirigir e escrever alguns filmes.
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