- Leandro de Sousa
Crítica | O Predador (2018)

Direção
Shane Black
Roteiro
Shane Black & Fred Dekker
Elenco
Boyd Holbrook, Trevante Rhodes, Jacob Tremblay, Keegan-Michael Key, Olivia Munn, Thomas Jane, Alfie Allen, Sterling K. Brown, Augusto Aguilera, Jake Busey, Yvonne Strahovski, Edward James Olmos, Niall Matter, Dean Redman, Steve Wilder, Nikolas Dukic e Andrew Jenkins
Data de Lançamento
13 de Setembro de 2018 (Brasil)
14 de Setembro de 2018 (Exterior)
Nome Original
The Predator
Nota
⭐⭐⭐

O Predador de 1987 é, sem dúvida, um dos meus filmes prediletos de ação daquela década. Mesmo não sendo um filme de terror propriamente dito, o Predador dava medo por ser frio e metódico; não sabemos seus movimentos e vemos como ele vai matando um por um do grupo de Schwarzenegger. No final, antes de morrer, ainda solta uma gargalhada bizarra de arrepiar a espinha. Foram feitas algumas continuações, desde atrocidades como Alien vs Predador até mesmo aquela com a Alice Braga que ninguém lembra. Nessa nova versão, apesar de centenas de tropeços, fica claro como Shane Black foi o que mais conseguiu captar aquele espírito do longa original, nos dando 1h40 de entretenimento com uma criatura fria, metódica e que mata por esporte, como o Predador deve ser.
O longa começa quando a nave de um Predador é perseguida e cai na Terra. Nesse momento conhecemos Quinn Mckenna (Holbrook), um Sniper do exército americano que tem o primeiro contato com a criatura. É notável logo no início como o roteiro tenta emular Alan, personagem de Schwarzenegger no longa de 1987, em Mckenna: ele é durão, ainda assim teme a criatura ao vê-la, mas não hesita ao ter que enfrentá-la; o personagem também possui características únicas, como uma arrogância e um excesso de confiança. Isso, de forma alguma, são requisitos de um líder, mas aqui em O Predador se torna uma feliz surpresa, já que Quinn está destinado a liderar um bando de ex-soldados desajustados (para não dizer pirados). São personagens que clareiam o tom do filme, sendo um alívio cômico excelente, pois não é somente as piadas que dá a graça a eles, é principalmente a química que eles possuem. Essa intimidade é certamente um dos pontos altos do filme, retirando a tensão e arrancando-a algumas gargalhadas. Além do grupo, também há cenas ótimas de humor com Dra. Casey (Munn) - uma cientista bonita que, como sabemos, é vital para esse tipo de longa - como o fato de o nome dado ao alienígena estar conceitualmente errado, pois ele na realidade não poderia ser um Predador se mata por esporte.
Contudo, apesar de o grupo e da Dra. Casey conseguir aliviar a tensão do filme em dados momentos, isso de forma alguma deixa de lado a vontade de chocar com cenas brutais que, por exemplo, vemos logo no início, onde um soldado pendurado em uma árvore tem seu corpo morto partido ao meio. Com o sangue caindo em cima do Predador, temos a primeira imagem dela que está caída e invisível. O ódio no olhar do Alienígena direcionado a Quinn é o primeiro encontro real entre ela e o espectador: para quem ainda não o conhece, naquele momento tem um vislumbre claro das suas intenções.
O início também é um dos momentos mais problemáticos do longa, já que Shane Black parece ter uma certa pressa em contar sua história, dessa forma a montagem soa confusa com Quinn indo de um lado para o outro em um passe mágica: em um dos momentos ele está na floresta junto ao Predador; no outro, ele está em um bar enviando uma correspondência para a sua caixa postal; no momento seguinte, ele está sendo interrogado pelo exército que logo após o leva até o laboratório onde está a Dra. Casey, que no fim, sem muita escolha, foge com ele. Além disso, o excesso de coincidências também são um problema, já que Rory (Tremblay), filho de Quinn, é o único no planeta inteiro que consegue decifrar o código dos equipamentos enviados por seu pai – que, coincidentemente, esqueceu de pagar a caixa postal e a entrega foi levada até a sua residência - e acaba atraindo o Predador até ele.
Nessa nova versão também vemos um artificio usado comumente em continuações anos depois que é o do “maior ou em maior número”. Aqui temos um Predador ainda maior e mais ameaçador, que também carrega dois cachorros espaciais (e que ideia mais sem criatividade, um dos cachorros depois ainda fica amiguinho do grupo) para caçar seu conterrâneo que chegou aqui antes dele. No final, esse primeiro Predador parece que estava querendo nos ajudar, e ficamos sabendo disso em um plot twist também pouco criativo, além de descobrirmos que Rory (adivinhem!) era uma espécie de escolhido, já que ele decifrou o código dos equipamentos do Predador.
Ainda assim, uma das melhores características de O Predador é Rory, pois ele elucida um dos pontos principais de Quinn que é a sua consciência. Um dos conflitos dele é o fato de como o seu filho o vê: um assassino. Isso lembra a relação entre Roberto Nascimento e Rafa em Tropa de Elite 2: o Inimigo agora É Outro - “eu não sou igual a você de bater nas pessoas”. Dessa forma, o roteiro abre um paralelo entre o Predador e o protagonista, que é o fato de ambos estarem matando por esporte, já que parecem gostar disso.
E como dois assassinos por natureza (não pude perder essa), eles se enfrentam ao final, com a Dra. Casey provando ter poderes de teletransporte e chegando no local da batalha em um piscar de olhos para ajudar Quinn a matar mais uma daquelas criaturas. Talvez agora os Predadores finalmente aprendam que é preciso possuir mais do que equipamentos super avançados ou uma genética muito mais evoluída do que a nossa para nos derrotar, também é preciso de algumas facilitações narrativas e uma boa frase de efeito.
Sobre o Autor:

Leandro A. de Sousa, 18 de Maio de 1998, co-fundador e editor do Fala Objetiva. Ama estudar o Cinema em todos os seus aspectos. Sabe que ainda tem muito o que aprender, tanto no que diz respeito à Sétima Arte quanto à escrita, tendo como principal inspiração nessas áreas o grande Roger Ebert. Aspirante a Crítico e Diretor/Roteirista de filmes de baixo orçamento (perceba como ele tem vontade de passar fome). Ama o que faz, mesmo que ninguém partilhe desse amor.
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