- Matheus P. Oliveira
Crítica | Pantera Negra (2018)

Direção
Ryan Coogler
Roteiro
Ryan Coogler & Ryan Coogler
Elenco
Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong'o, Danai Gurira, Martin Freeman, Daniel Kaluuya, Letitia Wright, Winston Duke, Angela Bassett, Forest Whitaker, Andy Serkis, Ashton Tyler, Seth Carr, Denzel Whitaker, Florence Kasumba, John Kani, Atandwa Kani, Sterling K. Brown, Isaach De Bankolé, Connie Chiume, Dorothy Steel, Danny Sapani, Sydelle Noel, Marija Abney, Janeshia Adams-Ginyard, Maria Hippolyte, Marie Mouroum, Jénel Stevens e Zola Williams.
Data de Lançamento
15 de Fevereiro de 2018 (Brasil)
16 de Fevereiro de 2018 (Exterior)
Nome Original
Black Panther
Nota
⭐⭐⭐⭐

É difícil sentir indiferença pelo legado de 10 anos que o Universo da Marvel deixou para o cenário atual do Cinema: uma vasta década de méritos e deméritos, vícios e formas novas de entreter o público. E não é só difícil ser indiferente com tudo isso, mas quase impossível, pois os vestígios desse legado transparecem até fora dos filmes da Marvel, tamanha sua influência e disseminação. Na maioria dos blockbusters atuais, por exemplo, é inegável não sentir o "toque Marvel" no ritmo e estilo de diálogos, e na resolução de cenas e situações. É notável também uma gradual mudança nos blockbusters de uns anos para cá; é só comparar. Antes de 2008, os alívios cômicos não eram prioridades como é atualmente; não travavam batalhas contra tramas e subtramas. Hoje parece não haver equilíbrio entre o caminho que o filme deve percorrer e o critério para agradar o espectador sedento por diversão. Dito isso, depois de Homem de Ferro e Capitão América: O Soldado Invernal (dois dos filmes mais sérios desse Universo), a Marvel parece ter encontrado em Pantera Negra o seu equilíbrio, o seu perfeito balanceamento entre o puro entretenimento e a pura seriedade de uma boa história. Sendo assim, Pantera Negra é o melhor filme do UCM até agora. Não por ser mais divertido nem mais sério do que os demais, mas por conseguir dosar dois elementos opostos e pôr, no meio deles, mais dois elementos cruciais também dosados: as questões políticas e históricas. Vejam bem, em outros longas do Universo, tais elementos só serviriam para enriquecer um pouco mais a narrativa, sendo ainda assim um mero enfeite. Aqui não. Enquanto entretenimento e seriedade trabalham simultaneamente, as questões políticas e históricas são o alicerce do filme; são sua base, seu fundamento. Diplomacia, colonização africana, escravidão, isolacionismo e emancipação (que encontra-se no arco do antagonista) estão nele presentes. São estas questões que fortifica a narrativa de Pantera Negra. E se depois de tudo isso eu dissesse que Pantera Negra não possui "piadinhas", estaria mentindo. Ele as possui, mas de forma moderada, sem atropelar linhas de diálogos nem o ritmo de execução das cenas (tudo é um pouco mais decente e formalista). Pantera Negra é, assim dizendo, o oposto de Guardiões da Galáxia Vol. 2.
Neste filme o humor encontra o seu caminho, sua própria comicidade. Não tem piadas que desviam-se do foco, nem piadas internas que denotam chatas e vagas referências. O roteirista, Ryan Coogler, que é também o diretor, esquiva-se dessas armadilhas, e traça um caminho diferente dos demais roteiristas. Se por um lado há moderação nestes elementos, por outro há uma certa extravagância na execução das cenas de ação. Há extravagância, mas também elegância. Ela demonstra audácia e ousadia, pois nem todos os diretores da Marvel se prestariam para tais empreitadas. A câmera neste filme ora é discreta, ora é enxerida. As sequências de ação são gravadas com fervor e energia, em muitos takes, para combinar com a vivacidade do continente africano (percebam, por exemplo, o Sol sempre sendo exautado). Aliás, até um "suposto" plano-sequência é gravado numa cena que faz clara referência a 007: Skyfall. Tudo é urgente, muito bem coreografado e estilizado pela eletrizante trilha sonora composta pelo rapper Kendrick Lamar. No fim, é possível pensar que Pantera Negra é tudo aquilo que o Universo Cinematográfico da Marvel sempre hesitava fazer: equilibrar entretenimento e seriedade. Tanto a história de T'Chala (Boseman) e de Wakanda são vastas, cultural e politicamente, e precisavam de um aprofundamento como este. Em poucas palavras, Pantera Negra é o filme que a Marvel precisava.
Sobre o Autor:

Matheus P. Oliveira, 6 de Agosto de 1998, co-fundador e editor do Fala Objetiva. Estuda Jornalismo e Cinema - este último de forma autodidata. Ainda sonha em conhecer por completo o rico universo que o Cinema possui. Atualmente tem como inspirações os críticos Roger Ebert e Pablo Villaça e, de forma árdua, tenta unificar ao máximo todas as outras artes em sua mais que amada arte: o Cinema. Quanto ao futuro - não muito distante -, ele pretende dirigir e escrever alguns filmes.
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